Este espaço foi criado no âmbito da disciplina de Estratigrafia e Paleontologia. Tem como objectivo contribuir para o conhecimento da história geológica da Terra.

Contudo podem existir alguns erros e imprecisões.


terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Ciclos Eustáticos – Trangressões e Regressões

A transgressão é o avanço do mar sobre áreas onde anteriormente existia deposição ou erosão continental, devido ao aumento do nível do mar.
Contrariamente a regressão consiste no avanço das áreas de deposição continental sobre áreas anteriormente ocupadas pelo mar, devido a uma descida do nível deste.
Ao longo da história da Terra existiram vários intervalos de tempo em que ficaram marcadas tendências regressivas ou transgressivas. Exemplo desta última ocorreu na mudança do Triásico superior para o Jurássico. Na Europa central e ocidental os materiais marinhos do inicio do Jurássico estão sobre os materiais continentais (fácies Keuper) do Triásico superior, evidenciando a referida transgressão.
Uma sequência regressiva completa tem início (a considerar primeiramente as fácies do muro) com associações de fácies de meios marinhos pelágicos, segue com associações de fácies de meios marinhos, de seguida fácies de meios costeiros, e termina com fácies de meios continentais.
Uma sequência transgressiva começa com associações de fácies de meios continentais a considerar o início o muro, e termina com fácies de meios marinhos pelágicos.
Denomina-se superfície transgressiva a uma superfície de uma sucessão estratigráfica que marca o início de um episódio transgressivo. A superfície transgressiva separa materiais marinhos de materiais continentais que se encontram sobre os últimos.
Por vezes a partir de critérios biostratigráficos reconhecem-se descontinuidades entre as superfícies transgressiva
As regressões com erosão estão associadas a descidas bruscas do nível do mar que levam à emersão áreas anteriormente cobertas pelo mar. Estas áreas ficam portanto mais expostas aos agentes erosivos.

As mudanças eustáticas são uma modificação da posição do nível do mar que afecta todos os oceanos, ou seja, é uma mudança a grande escala do nível do mar, que pode ser de subida ou descida deste.
Os ciclos eustáticos são períodos de tempo de subida ou descida do nível eustático.
 A mudança do nível do mar pode estar relacionada com factores locais ou globais.
A nível local a descida do nível do mar pode estar relacionada com subsidência ou levantamento tectónico, como ainda estar relacionada com acarreio sedimentar, que se for muito, pode preencher bastante espaço da bacia e desta forma contrariar os níveis de descida.
A nível global, a subida ou descida do mar pode estar dependente dos calotes polares.
Em 1989 Cant propôs a seguinte equação: Subsidência + Eustatismo Acarreio Sedimentar = Nível do Mar, que relaciona estes três factores e explica os processos transgressivos e regressivos (Fig. 1).
Quando o Nível do mar é positivo significa que estamos perante uma subida relativa do nível do mar e quando é negativo, o contrário.
É possível analisar as mudanças do nível do mar ao longo da história de uma determinada bacia a partir da análise de sequências estratigráficas ou de painéis de correlação.
O resultado destas análises são umas curvas que indicam a evolução temporal entre os diferentes meios sedimentares e a partir destas detectam-se as mudanças bruscas que indicam variações do nível relativo do mar



    Fig.1- Gráfico da relação entre o acarreio sedimentar, a subsidência e o eustatismo. ( Legenda: P1 e P2 - Profundidades relativas do fundo marinho. S1 e S2 - Espessura total dos sedimentos. E e Sub- Mudança eustática e aumento da subsidência, respectivamente.)







Bibliografia
    • Vera Torres, J. A., 1994, Estratigrafia, Princípios y Métodos. Madrid: Editorial Rueda

    Fácies


    O conceito de fácies abrange todos os aspectos litológicos e paleontológicos de uma unidade estratigráfica, isto é, a composição, a textura, cor, geometria, estruturas sedimentares, fósseis, etc.
    Quando falamos de fácies estamos a aludir ao aspecto, isto é, à aparência externa como também à natureza.
    Como o ”aspecto” dos materiais está intimamente relacionado com a sua génese, é frequente o termo fácies ser igualmente requisitado para denominar características genéticas presentes no momento da deposição dos materiais, não sendo estranho existirem termos como fácies lacustres, fluviais, pelágicas ou turbidíticas. 
    Para esta interpretação genética destacam-se as características já referidas anteriormente como, os fósseis dominantes, a cor mais representativa ou componentes mais abundantes. A abundância destas características é ainda utilizada para o nome das determinadas fácies. 
    A utilização do termo fácies pode estar associado a uma determinada idade, isto é, ser uma referência cronostratigráfica como as fácies Keuper (argilas e evaporitos do Triásico superior), que se tratam de materiais com idade semelhante, com litofacies e biofacies bastante idênticas que são reconhecíveis em áreas muito afastadas entre si.
    Alargando o conceito, podem existir vários tipos de fácies: Litofácies; Biofácies: Microfácies; Fácies Mineralógica; Fácies Marinhas; Fácies Vulcânica; Fácies Boreais; etc.  
    Uma das classificações para as fácies foi proposta por Miall e completada por Fritz & Harrison. Nesta os autores procuraram estabelecer uma relação entre as litofácies, as estruturas sedimentares com a interpretação prática destes conceitos, criando para cada fácie um código constituído por duas letras, uma maiúscula e outra minúscula que indicam a granulometria e uma característica ímpar da fácie, respectivamente.