Este espaço foi criado no âmbito da disciplina de Estratigrafia e Paleontologia. Tem como objectivo contribuir para o conhecimento da história geológica da Terra.

Contudo podem existir alguns erros e imprecisões.


sábado, 9 de outubro de 2010

A Escala de Tempo Geológico

                                  
O homem nascido e crescido na escala de tempo e “fenómenos intermediários” entre o imensamente longo e o imensamente curto, adquire pela educação inata à sua natureza e empírica, uma sensação e um conceito das realidades do seu mundo derivados das suas observações, ou seja, “das suas relações directas com os sentidos”, perdendo muitas vezes a noção de tempo à escala dos acontecimentos geológicos. O que representam 4.600 milhões de anos? Para alcançarmos alguma noção do tempo geológico existe um exercício simples que começa por contarmos a um ritmo de um número por segundo durante 24 horas, 7 dias por semana e nunca pararmos. A este ritmo demoraríamos aproximadamente 150 anos a alcançar os 4.600 M.a.
O tempo geológico pode ser inferido por meio da datação relativa ou radiométrica, construindo uma coluna estratigráfica coerente.
A datação relativa tem como referência os fósseis de ambiente e de idade (Fig.1), tal como os cinco princípios fundamentais: da Sobreposição, da Horizontalidade, da Continuidade Lateral, da Intersecção ou Corte e da Inclusão:
·         - Principio da Sobreposição – Em 1669 Nicolaus Steno enunciou que, numa dada sequência estratigráfica, os estratos que se encontram no topo são mais recentes que aqueles que estão na base. O princípio da sobreposição deve ser aplicado com prudência, uma vez que, no caso de deformação do terreno, com origem em falhas e dobras é necessário outros métodos de interpretação complementar.

·         - Princípio da Horizontalidade – Steno propôs que este princípio determinaria que os sedimentos que originam o estrato são depositados, com frequência, horizontalmente.


·         -Princípio da Continuidade Lateral – um estrato tem a mesma idade ao longo de toda a sua extensão, independentemente de alguma variação horizontal, isto é, lateral, de fácies. Assim podemos concluir que uma camada limitada superiormente por um tecto e inferiormente por um muro e definida por uma certa fácies tem a mesma idade em toda a sua extensão lateral.

·         -Princípio da Intersecção ou Corte – estruturas geológicas como intrusões magmática, um filão ou uma falha, que intersectam outros são mais recentes do que estas.


·        - Princípio da Inclusão – um fragmento incorporado num outro é mais antigo do que este, como acontece nas rochas magmáticas, onde é comum encontrar fragmentos de outras rochas, os chamados xenólitos, que foram incorporados no momento da consolidação do magma que originou as rochas onde estão inseridos.
Entre estes princípios, o raciocínio geológico pode também ser construído segundo outros princípios e teorias.
Os estudos realizados por Cuvier no âmbito da Paleontologia e Estratigrafia levaram-no a tomar posições catastrofistas para explicar os fenómenos geológicos ocorridos no passado da Terra, como ele próprio refere no Discurso sobre as revoluções da superfície do globo; (1825): ” (…) a violência dos movimentos que sofreram os mares está testemunhada, ainda hoje, pela acumulação de calhaus rolados que se encontram em muitos lugares entre estratos rochosos bem consolidados”.
Contudo a posição catastrofista não reuniu consenso científico, tendo sido posta de lado ao contrário do Uniformitarismo (Actualismo Geológico e Princípio do Gradualismo Uniformista) apoiado por Charles Lyell que argumenta existir uma evolução contínua da Terra através de fenómenos imperceptíveis à escala humana e que estes podem causar grandes mudanças quando actuam durante milhões de anos. Dando continuidade a esta teoria James Hutton apoiou os fundamentos de Lyell considerando que os processos passados são iguais aos que ocorrem ainda hoje.
Tendo todas as “ferramentas” essenciais é possível definir uma escala de tempo relativo representado pelas diferentes etapas em que se pode dividir o tempo geológico. Estas divisões baseiam-se nas relações interestratos e no seu conteúdo fossilífero, como já foi referido.
Definem-se assim as unidades cronostratigraficas, representadas na Tabela Cronostratigráfica ( Fig. 2) dividida em Eonotema, Eratema, Sistema, Série e Andar. A Tabela Cronostratigráfica é baseada num agregado de materiais estratificados, que se distinguem pela sua idade. O principal objectivo é defenir uma escala cronostratigráfica de referência a nível global. De um modo geral a escala cronostratigráfica é construída com apoio na idade relativa e a escala cronométrica com suporte na idade absoluta.




                    Fig. 1- Amonites. (Reproduzido de Geologia. Uma introdução à história da Terra, 2ª edição,1976)





                                                              Fig.2- Tabela Cronostratigráfica



Bibliografia
- Dias, A.G.;Guimarães,P.;Rocha,P.(2008). Geologia 11. Biologia e Geologia 11ºAno. Ensino Secundário. Maia: Areal Editores.
- Jastrow, R.(1967,1971). A Arquitectura do Universo. Dos Astros, Da Vida. Dos Homens. São Paulo: edições 70.
- Tarbuck, E.J.; Lutgens, F.K. (1999). Ciencias de la Tierra. Madrid: Prentice Hall.
- Pasolini, P.(1968). Como nasceu o Universo. São Paulo: cidade nova ciência. (p11)
     
      Outros Recursos
- Monteiro, E.(2008/2009), Ficha Formativa, “A medida do Tempo e a Idade da Terra”, Biologia e Geologia, Escola Secundária de São João da Talha.
   
 

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